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IBM investe em banda larga por meio de redes elétricas

NOVA YORK – A IBM está dedicando seus esforços a uma idéia que parecia esquecida: o acesso à internet de alta velocidade por meio de redes de energia elétrica. A tecnologia já existe há décadas, mas a maior parte dos esforços para implementá-la em larga escala falhou.
Agora, com a tecnologia aprimorada e financiamento federal a juros baixos, a IBM se associou à pequena International Broadband Electric Communications Inc (IBEC). para fazer a idéia funcionar em comunidades rurais que não contam com outros meios de acesso à banda larga.
A estratégia é firmar acordos com cooperativas elétricas que fornecem energia a regiões pouco povoadas do leste dos Estados Unidos. Em vez de competir com grandes operadoras de cabo ou provedores DSL, a IBEC procura por consumidores que tenham sido deixados de fora da internet de alta velocidade.
Sob a marca da IBM, talvez a empresa mais habilitada a comprar idéia, essa tecnologia pode se tornar algo muito maior.
“A tecnologia é importante, mas o que é fundamental neste momento é levar os serviços de acesso via banda larga aos consumidores rurais”, disse Bill Moroney, chefe do Utilities Telecom Council, uma entidade de indústria e comércio. “Este é começo e um grande passo adiante.”
A idéia enfrenta algum ceticismo. Outras companhias que tentaram oferecer o serviço de acesso à internet por meio da rede elétrica fracassaram por causa de problemas técnicos. Essas empresas também sofreram a oposição de rádio-amadores, que alegaram que a tecnologia interfere nos sinais de rádio.
Em um dos casos mais recentes, uma companhia elétrica de Dallas, que planejava oferecer o serviço de acesso à internet a dois milhões de pessoas por meio de sua rede de fornecimento de energia, decidiu arquivar o projeto em maio. Em vez disso, a empresa, Oncor Electric Delivery Co., disse que iria utilizar o equipamento apenas para monitorar a rede.
O relatório publicado pela Comissão Federal de Comunicações, em 2006 (o mais recente disponível), mostrou que pouco mais do que 5 mil consumidores tem acesso à internet de banda larga por meio de redes elétricas.
Tanto a IBM quanto a IBEC afirmam que sua abordagem tem chances maiores de êxito. Elas também não vêem grandes distribuidoras de energia implementando o acesso à banda larga por meio de suas redes porque simplesmente não podem alcançar a velocidade das linhas telefônicas e dos cabos.
“Para as grandes distribuidoras, não faz sentido oferecer o serviço de banda larga”, explicou Ray Blair, chefe do departamento de redes avançadas da IBM. “E elas nunca serão capazes de competir em condições de igualdade.”
Mas nas áreas rurais, onde outros provedores de internet via banda larga não têm condições de investir na construção de infra-estrutura, Blair explica que a tecnologia avançou o suficiente nos últimos anos para se firmar como um modelo econômico.
O progresso é lento, ele disse, porque os fornecedores de equipamentos nesse mercado são empresas pequenas sem grandes recursos financeiros para pesquisa e propaganda.
A tecnologia envolve o envio de dados no mesmo cabo que conduz a eletricidade. A cada 800 metros, em média, é preciso ter um dispositivo ligado à rede para repetir os sinais enviados. Dentro das casas, o consumidor precisará apenas ligar um modem à uma tomada elétrica comum para se conectar à internet. Entretanto, o fluxo de dados poderá causar interferência em outros dispositivos sem fio que estiverem por perto. Rádio-amadores estão irritados com esse problema e enviaram uma reclamação formal à Comissão Federal de Comunicações (FCC).
A principal inovação apresentada há alguns anos, disse Blair, é a possibilidade de controlar remotamente dispositivos eletrônicos conectados à rede elétrica. Assim, pode-se dizer que esta é uma das formas de mudar a freqüência quando o dispositivo encontrar alguma interferência.
A IBM assinou um acordo de US$ 9,6 milhões com a IBEC para fornecer e instalar os equipamentos necessários. Segundo Scott Lee, executivo-chefe da IBEC, serão necessários dois anos e US$ 70 milhões para colocar a rede em funcionamento.
Ainda de acordo com o executivo, a IBEC terá acesso a 340 mil casas nos Estados do Alabama, Indiana, Maryland, Pennsylvania, Texas, Virgínia e Wisconsin, das quais quase 86 % não têm acesso à internet de alta velocidade via cabo ou por DSL.
Abocanhar uma grande fatia desse mercado será um grande passo para a IBEC, que atualmente atende a pouco mais de 1.400 consumidores com serviços de banda larga, a maioria deles conquistados nos últimos 18 meses.
O pacote básico de acesso custará US$ 29,95 por mês, com mensalidades mais caras para os planos de maior velocidade.
A IBEC vem recebendo apoio governamental ao longo do desenvolvimento da tecnologia. Segundo Lee, a companhia recebeu um financiamento de US$ 70 milhões do Departamento da Agricultura norte-americano.
As autoridades federais vêem o acesso à internet de alta velocidade por meio de redes elétricas como uma opção interessante para espalhar o desenvolvimento econômico nas áreas rurais.
“A maior parte dessas pessoas tem acesso de banda larga na escola ou no trabalho, mas, quando eles voltam para casa, perdem todas essas vantagens”, disse Lee. “Este é um serviço de que eles precisam desesperadamente.”
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